O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã deste sábado em Brasília após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A ordem, solicitada pela própria Polícia Federal, foi cumprida na casa onde Bolsonaro já cumpria prisão domiciliar desde agosto. Segundo a decisão, a medida foi tomada para garantir a ordem pública diante do risco de aglomerações convocadas por Flávio Bolsonaro na noite anterior.
A PF esteve no início da manhã no condomínio do ex-presidente, que foi conduzido sem algemas e sem exposição pública, conforme orientação de Moraes. Ele passou por exames na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal e foi encaminhado para uma sala de Estado, espaço reservado para autoridades de alta relevância, como já ocorreu com Lula e Michel Temer em ocasiões anteriores.
A motivação imediata para a prisão foi a convocação de uma vigília em frente à residência do ex-presidente feita por Flávio Bolsonaro, que citou trechos bíblicos e pediu uma mobilização permanente pela liberdade do pai. Investigadores afirmam que a articulação poderia gerar risco ao próprio ex-presidente e a terceiros, devido ao potencial de tumulto e concentração de apoiadores. A decisão de Moraes ressalta a necessidade de garantir a segurança e a ordem pública.
A prisão preventiva não marca o início do cumprimento da pena, que ainda depende do esgotamento dos recursos no STF. A defesa tem até segunda-feira, às 23h59, para apresentar novos embargos na Corte.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão pela Primeira Turma do Supremo, em setembro, no processo que investigou tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e danos ao patrimônio público. A condenação também atingiu seus principais aliados militares e políticos. A maioria recebeu penas superiores a 20 anos.
A sentença apontou que Bolsonaro colaborou para incendiar a população contra o sistema eleitoral e destacou que seu comportamento foi incompatível com o cargo mais alto da República. Parte da pena será cumprida em regime de reclusão e outra em regime de detenção, além de multa calculada com base em sua capacidade financeira, após o próprio ex-presidente afirmar ter recebido mais de R$ 40 milhões via Pix de apoiadores.
Desde 4 de agosto, Bolsonaro estava em prisão domiciliar por determinação de Alexandre de Moraes, que viu risco de fuga no processo da trama golpista. Ele usava tornozeleira eletrônica e tinha restrições de contato com autoridades estrangeiras, além de estar proibido de usar redes sociais direta ou indiretamente.
Na sexta-feira, sua defesa havia solicitado que toda a pena fosse cumprida em casa, alegando problemas de saúde e risco à integridade física caso fosse transferido ao sistema prisional. No mesmo documento, os advogados informaram que pretendem recorrer por meio de embargos infringentes.
A prisão preventiva agora reforça a tensão política que envolve o caso e reacende a mobilização de apoiadores. Enquanto isso, o processo segue no Supremo e a execução definitiva da pena depende do julgamento dos últimos recursos.
