Uma pesquisa eleitoral em Araçoiaba da Serra, contratada por Mônica Lúcia de Góes Barbosa, responsável pela página online “Jornal Popular News” e candidata a vereadora, foi suspensa por decisão judicial. O levantamento, encomendado à AR7 Pesquisas Inteligentes, empresa que já realizou pesquisas eleitorais anteriores para o candidato a prefeito Cristiano Gasperine, está sob investigação por supostas irregularidades. A coligação “Araçoiaba pra Frente” questionou a imparcialidade da pesquisa, alegando conflito de interesse, já que Mônica não só é a contratante como também é candidata a vereadora.
A decisão veio da 294ª Zona Eleitoral de Sorocaba, onde o juiz Carlos Alberto Maluf acatou os argumentos da coligação e determinou a suspensão imediata da divulgação dos resultados. Segundo o magistrado, há indícios de problemas na metodologia utilizada e risco de influência indevida sobre o eleitorado. “Diante da probabilidade do direito invocado, quanto a eventual irregularidade na metodologia empregada, e visando evitar a publicidade do resultado da pesquisa, com possível influência no eleitorado […] determino a imediata suspensão de divulgação dos resultados da pesquisa SP-01752/2024, sob pena de multa de R$ 2.000,00 pelo descumprimento,” afirmou na decisão.

O que também chamou atenção neste caso é que a pesquisa contratada por Mônica abrange exclusivamente a disputa para prefeito, o que levanta questionamentos sobre suas reais intenções. Sendo ela candidata a uma vaga no Legislativo, muitos esperariam que, ao encomendar um estudo eleitoral, incluísse uma análise sobre a sua própria posição na corrida para vereadora. No entanto, o foco exclusivo na disputa para o Executivo que sugere um possível favorecimento ao candidato a prefeito Cristiano Gasperine, de quem Mônica é aliada.
A empresa AR7 Pesquisas Inteligentes já havia sido alvo de outras suspensões em diferentes regiões do país, por problemas similares, com relatos de fraudes e possíveis irregularidades metodológicas. Em Araçoiaba da Serra, a controvérsia se intensifica, já que a pesquisa estava diretamente ligada a uma candidata que, ao mesmo tempo, administra uma página de notícias que vem publicando críticas frequentes à atual gestão municipal.

Candidatos e a mídia: quando o jornalismo e a campanha se misturam
A situação de Mônica Lúcia de Góes Barbosa vai além da pesquisa eleitoral suspensa. Ela levanta um debate importante sobre a atuação de candidatos que também controlam veículos de comunicação. A legislação eleitoral brasileira é clara: aqueles que exercem cargos de direção ou propriedade em meios de comunicação, como jornais ou páginas online, devem se afastar de suas funções seis meses antes das eleições.
A Lei nº 9.504/1997, mais conhecida como a Lei das Eleições, juntamente com a Resolução nº 23.610/2019 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estabelece que jornalistas, proprietários e diretores de veículos midiáticos que desejem concorrer a cargos públicos não podem usar suas posições para influenciar a opinião pública de maneira indevida. Esse afastamento tem como objetivo garantir a equidade no processo eleitoral e impedir o favorecimento de candidatos.
Em tese, Mônica deveria ter se afastado de suas atividades na pagina online “Jornal Popular News” para evitar o uso indevido da página em benefício próprio e de aliados, como o candidato a prefeito Cristiano Gasperine. A presença constante de matérias críticas à atual administração municipal, enquanto Mônica concorre a uma vaga na Câmara, gera questionamentos sobre a imparcialidade do veículo e possíveis violações da legislação eleitoral.
A Justiça Eleitoral agora precisará analisar se houve abuso de poder ou uso indevido da mídia por parte da candidata. O episódio acende um alerta sobre o risco de veículos de comunicação se tornarem ferramentas de propaganda pessoal, em vez de manterem seu papel imparcial de informar o público.
O cenário político de Araçoiaba da Serra ganha um novo capítulo com essa decisão judicial. Enquanto a cidade se prepara para as eleições de 2024, a transparência e a legalidade são essenciais para garantir um pleito justo. O caso da pesquisa suspensa coloca em evidência a necessidade de um acompanhamento rigoroso por parte da Justiça Eleitoral para impedir qualquer tipo de abuso de poder ou tentativa de manipulação do eleitorado.

