Operação da Polícia mira advogados e líderes de ONG envolvidos com o PCC e cumpre mandados em Sorocaba

A Polícia Civil de São Paulo, em parceria com o Ministério Público Estadual (MPSP) e o Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Presidente Prudente, realizou na manhã desta segunda-feira (14) a operação “Scream Fake”. A ação teve como objetivo desarticular um esquema criminoso envolvendo uma ONG e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Entre as cidades onde a operação foi deflagrada, Sorocaba teve papel de destaque nas investigações que revelaram a atuação da facção no interior paulista.

As investigações, que duraram cerca de três anos, começaram após a apreensão de cartões de memória com um visitante na Penitenciária II de Presidente Venceslau. O material continha informações detalhadas sobre divisões internas do PCC, incluindo setores responsáveis por advocacia, saúde, finanças e um núcleo denominado “Setor de Reivindicações”. Este último promovia ações fraudulentas, manifestações manipuladas e denúncias infundadas para desestabilizar o sistema judicial e influenciar a opinião pública.

Sorocaba foi uma das cidades onde os mandados de busca e apreensão foram cumpridos, reforçando a presença estratégica da facção em regiões-chave do estado. Além de Sorocaba, a operação também atingiu outras localidades paulistas, como São Paulo, Ribeirão Preto e Presidente Prudente, além de Londrina, no Paraná.

A operação resultou na prisão de três advogados e dos dirigentes da ONG Pacto Social & Carcerário S.P., sediada em São Bernardo do Campo, que estava sendo utilizada como fachada para atividades ilícitas do PCC. A ONG, que se apresentava como defensora dos direitos dos presos, teve suas atividades suspensas, e suas redes sociais foram removidas do ar por determinação judicial.

Os advogados, integrantes do chamado “Setor dos Gravatas”, desempenhavam um papel central no esquema, sendo responsáveis pela gestão dos setores de saúde e finanças da facção. Eles contratavam médicos e dentistas para atender membros de destaque do PCC dentro das penitenciárias, muitas vezes sem que os profissionais soubessem do vínculo com o crime organizado. Esses serviços eram financiados com recursos obtidos por meio de práticas ilícitas.

A descoberta do “Setor de Reivindicações” revelou uma nova estratégia do PCC para manipular o sistema judicial e desacreditar instituições públicas. Segundo as autoridades, o núcleo operava por meio da ONG, promovendo protestos e ações judiciais sem fundamento, utilizando-se de narrativas distorcidas para justificar ataques a agentes públicos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *