Livro infantil é retirado das escolas de Sorocaba após polêmica com o diabo

A Secretaria da Educação de Sorocaba (Sedu) determinou a retirada do livro ABC Doido, da autora Angela Lago, das escolas municipais. A medida foi formalizada em 3 de setembro, após reclamações de pais sobre trechos da obra.

O material, publicado em 1999 e relançado em 2010 pela Editora Melhoramentos, utiliza rimas e ilustrações para apresentar o alfabeto às crianças. A polêmica se concentra nas páginas em que a letra “T” é representada por um tridente, além de um texto que questiona se o símbolo seria “tridente, diabo ou cruz”. Algumas ilustrações também foram interpretadas como referências religiosas.

O que diz a Secretaria

Em nota, a Sedu informou que o recolhimento é preventivo e que os exemplares serão analisados pela Comissão Permanente de Análise de Títulos de Livros Paradidáticos, criada em 2021. O ofício que comunicou a decisão não especifica os motivos.

Avaliação do MEC

O Ministério da Educação (MEC) declarou que os livros adquiridos para o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (Pnld) passam por processo de seleção com especialistas e que cabe às redes de ensino decidir sobre sua utilização.

Posição da editora

A Editora Melhoramentos lamentou a retirada do livro e destacou que a obra venceu o Prêmio Jabuti de Literatura Infantil e Juvenil, sendo adotada em várias escolas do país. Segundo a editora, o título utiliza humor e fantasia como recursos pedagógicos para incentivar a leitura e a criatividade das crianças.

Repercussão

Especialistas em literatura apontaram que a interpretação do tridente pode variar, sendo também símbolo presente em diferentes áreas da cultura e da ciência.

O caso repercutiu na Câmara Municipal. A vereadora Iara Bernardi (PT) protocolou requerimento pedindo esclarecimentos sobre os critérios da decisão e sugeriu que o tema seja discutido no Conselho Municipal de Educação. Já o vereador Dylan Dantas (PL), presidente da Comissão de Educação, afirmou que o poder público tem responsabilidade sobre o conteúdo utilizado nas escolas e considerou a medida prudente diante das queixas recebidas.

Antecedentes

Durante a atual gestão, esta é a terceira vez que livros são retirados da rede municipal. Em 2021, mais de 1,5 mil exemplares foram substituídos, e em 2022, outra obra também foi recolhida por decisão da Prefeitura.

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