A cantora, apresentadora e empresária Preta Gil morreu neste domingo (20), aos 50 anos, em Nova York (EUA), após uma batalha de quase dois anos contra um câncer no intestino. Filha de Gilberto Gil com Sandra Gadelha, Preta tratava um adenocarcinoma desde janeiro de 2023. A informação foi confirmada por sua equipe.
Figura de grande importância na música e na luta por representatividade, Preta Maria Gadelha Gil Moreira nasceu em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro, e cresceu cercada pelos ícones da Tropicália, como seu pai Gilberto Gil, seu tio Caetano Veloso e sua madrinha Gal Costa. Negra, bissexual e fora dos padrões estéticos convencionais, enfrentou preconceitos desde a infância, e fez disso uma bandeira em sua carreira pública.
Aos 28 anos, Preta abraçou de vez a música. Seu álbum de estreia, “Prêt-à-Porter” (2003), gerou polêmica por sua capa ousada, mas também marcou sua identidade artística livre de amarras. Ao longo da carreira, lançou álbuns como “Sou Como Sou” e “Todas as Cores”, criou o Bloco da Preta — um dos maiores do Carnaval carioca — e firmou-se como uma voz em defesa da diversidade, da liberdade e do amor próprio.
Antes de assumir os palcos, atuou como produtora e empresária. Foi sócia da Dueto Produções e, mais recentemente, cofundadora da Mynd, uma das maiores agências de marketing de influência do país.
Preta também atuou em novelas e programas de televisão, como “Cheias de Charme”, “Ti Ti Ti” e “Os Mutantes”. Sempre envolvida com as causas sociais, não hesitava em usar sua visibilidade para denunciar racismo, gordofobia e LGBTQIA+fobia.
Em sua autobiografia, “Os Primeiros 50”, lançada em 2024, compartilhou episódios marcantes de sua vida, como a expulsão do colégio após protestar contra homofobia, a morte do irmão Pedro Gil em um acidente de carro, e a traição do ex-marido Rodrigo Godoy, descoberta durante seu tratamento contra o câncer.
Mãe de Francisco Gil, integrante do trio Gilsons, Preta deixa um legado artístico e afetivo. Sua coragem ao lidar publicamente com a doença emocionou o país. Em entrevistas, defendia a importância do diagnóstico precoce e falava abertamente sobre os desafios do tratamento. Mesmo enfrentando cirurgias delicadas, como a retirada do reto, manteve-se otimista. Em 2025, partiu para os Estados Unidos em busca de um tratamento experimental, após esgotar as alternativas no Brasil.
Em seus últimos momentos, Preta estava cercada pela família e amigos. Em meio à dor da perda, o Brasil se despede de uma artista que transformou sua trajetória em instrumento de transformação social. Mais do que uma cantora, Preta Gil foi voz, coragem, e resistência.