A Polícia Federal (PF) apontou o prefeito afastado de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), como líder de um suposto esquema de corrupção envolvendo contratos públicos na área da saúde. O relatório que embasou o afastamento judicial do chefe do Executivo por 180 dias indica a existência de uma organização criminosa que teria atuado em contratos emergenciais e na gestão de unidades de saúde do município.
De acordo com informações divulgadas pela TV TEM e pelo portal g1, a PF identificou indícios de que o esquema teria começado ainda durante o processo eleitoral de 2020 e se estendido ao longo da atual gestão. O documento aponta que as irregularidades estariam diretamente ligadas ao exercício da função de prefeito.
Segundo o relatório, o grupo investigado teria promovido contratações diretas e manipulado licitações para beneficiar determinadas organizações sociais, entre elas o Instituto de Atenção à Saúde e Educação (antiga Aceni), responsável pela administração da UPA do Éden e da UPH da Zona Oeste.
A PF também identificou indícios de lavagem de dinheiro por meio de contratos de publicidade considerados fictícios. As empresas 2M Comunicação e Assessoria, de propriedade da esposa de Manga, Sirlange Rodrigues Frate, a Sim Park Estacionamento Eireli, de Marco Silva Mott, e a Igreja Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, administrada por familiares do prefeito, foram citadas como parte do suposto esquema.
Os investigadores afirmam que os contratos serviam para dar aparência de legalidade ao dinheiro desviado. A Sim Park teria recebido cerca de R$ 448,5 mil, enquanto a igreja ligada à família teria movimentado aproximadamente R$ 780 mil.
Na segunda fase da Operação Copia e Cola, a PF prendeu o cunhado do prefeito, Josivaldo de Souza, e o empresário Marco Mott, apontados como operadores financeiros e intermediários de propina. Simone Rodrigues Frate de Souza, cunhada de Manga, teve prisão decretada, mas segue foragida desde a última semana. Em fases anteriores da operação, foram apreendidos R$ 903 mil em espécie em endereço ligado a ela.
Defesas negam irregularidades
A defesa de Rodrigo Manga afirmou que a investigação é “nula” e teria sido conduzida por autoridade “manifestamente incompetente”. Em nota, classificou as acusações como “fruto de perseguição política” e sustentou que “não há nada de concreto que relacione o prefeito a irregularidades”.
Os advogados de Sirlange Rodrigues Frate também negaram qualquer ilegalidade, afirmando que todas as operações financeiras são lícitas, documentadas e devidamente declaradas no imposto de renda, com serviços efetivamente prestados.
As defesas de Josivaldo e Simone Rodrigues Frate de Souza afirmaram que jamais participaram de atividades ilícitas e que todos os recursos e contratos da igreja citada são regulares desde 2018.
O empresário Marco Silva Mott, por sua vez, informou que desconhece os fatos e que se manifestará após ter acesso às provas da investigação.
A Prefeitura de Sorocaba declarou que ainda não foi oficialmente notificada sobre o conteúdo do inquérito e que o setor jurídico do município não teve acesso aos documentos.
A Operação Copia e Cola é conduzida pela Polícia Federal de Sorocaba com apoio do Ministério Público Federal e investiga possíveis crimes de corrupção, fraude em licitação e lavagem de dinheiro na administração municipal. As apurações seguem em andamento.
