O ex-secretário de Saúde de Sorocaba, Vinicius Rodrigues, foi formalmente indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de corrupção ativa e passiva, no âmbito do contrato firmado entre a Prefeitura de Sorocaba e o Instituto Nacional de Ciências da Saúde (INCS). O acordo, no valor de R$ 60 milhões, previa a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden e foi assinado em março de 2022.
Além de Vinicius, outras quatro pessoas foram indiciadas, incluindo João Gilberto Rocha Gonçalves, presidente do INCS, e seu filho, Thiago Lencki Rocha, apontado como sócio oculto de empresas envolvidas no esquema. Ao todo, 13 pessoas são investigadas. O relatório parcial da PF foi concluído e entregue à Justiça Federal na última segunda-feira (16), como parte das ações da Operação Sépsis, que já teve duas fases, em novembro de 2023 e maio de 2024.
Segundo a investigação, o ex-secretário teria recebido R$ 240 mil em propina, valor que teria sido disfarçado como parte da negociação da compra de um imóvel de alto padrão em Sorocaba, onde ele reside atualmente. Os pagamentos teriam sido realizados por empresas subcontratadas pelo INCS, como a Intecc (Inteligência em Tecnologia da Informação), e por um centro de diagnóstico de Cabreúva, sob o controle de Thiago Lencki.
Os pagamentos, ainda de acordo com a PF, ocorreram entre dezembro de 2020 e setembro de 2022. Parte dos valores teria sido transferida diretamente ao antigo proprietário do imóvel, como forma de abater as parcelas da casa adquirida por Rodrigues. Além disso, em setembro de 2022, outro repasse de R$ 75 mil foi justificado como uma “doação oficial” para a campanha do então ex-secretário ao cargo de deputado federal.
A Polícia Federal também identificou que os critérios utilizados no chamamento público para seleção da organização social foram considerados subjetivos. O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), em sessão realizada em dezembro de 2024, julgou o processo irregular.
Durante as operações, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos envolvidos, incluindo a Prefeitura de Sorocaba e a residência de Vinicius Rodrigues. A Justiça Federal determinou ainda o sequestro de imóveis de luxo localizados em Sorocaba e Votorantim, ligados ao ex-secretário e à diretoria do INCS.
A investigação continua para apurar possíveis crimes de lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa. A Controladoria-Geral da União (CGU) também participa do inquérito.
Defesa
A defesa de Vinicius Rodrigues nega todas as acusações e afirma que o cliente sempre atuou com legalidade. Segundo o advogado Edson Asarias, “as acusações se baseiam em inferências frágeis e suposições desconectadas da realidade”. Ele também destacou que as relações pessoais do ex-secretário com outros investigados “não configuram, de forma alguma, conluio ou intenção dolosa”.
Já a Prefeitura de Sorocaba informou que “não é parte da investigação e não foi formalmente intimada sobre sua conclusão”. O INCS também não se pronunciou até o fechamento desta edição. Os demais investigados não foram localizados, mas o espaço segue aberto para manifestações.